
A advogada Sarah Ohana Silva Costa, de 34 anos, denunciou ter sido estuprada após comparecer a uma festa no Clube dos Subtenentes e Sargentos, localizado no bairro Cristo Rei, zona Sul de Teresina. O caso, tratado como estupro de vulnerável, está em investigação sob segredo de Justiça, e até agora ninguém foi preso.
De acordo com o boletim registrado na Polícia Civil no último dia 19, Sarah relatou que conheceu um grupo de homens no mesmo dia do crime e, após consumir bebidas alcoólicas oferecidas por eles, perdeu a consciência. A vítima afirmou que foi convidada para a festa por dois desses homens enquanto estava em um posto de combustíveis, onde havia parado para comer.
Ela aceitou o convite e seguiu com os outros convidados para o clube, onde entrou de forma lúcida, ainda durante a tarde, sem precisar pagar entrada. Durante a comemoração, consumiu bebidas alcoólicas fornecidas pelo grupo e, por volta das 16h, começou a passar mal. A vítima então foi levada a um quarto sob a justificativa de que poderia descansar. Conforme relatado, a chave foi entregue por um garçom do clube e por um homem identificado como irmão de um dos presentes.
“Deitei na cama e adormeci, vestida com a roupa que estava. Quando acordei, percebi que estava totalmente despida e a porta do quarto estava trancada”, afirmou a advogada.
Segundo seu depoimento, parte de suas roupas estava sobre uma cadeira e a parte interna da camisa havia desaparecido. Ao forçar a saída do cômodo, encontrou um molho com quatro chaves no chão, e uma delas abriu a porta. Ao sair, deu de cara com os quatro homens que a haviam acompanhado.
Ela relatou que os homens disseram ser irmãos e que um deles afirmou que nenhum deles a havia estuprado. No entanto, Sarah afirmou que sentiu ter sido estuprada de forma anal e vaginal, possivelmente enquanto estava inconsciente. Ela também percebeu que a senha do celular havia sido alterada e o aparelho desligado.
“Eu estava num clube de policiais, mas os envolvidos são civis. Não são policiais, como está sendo noticiado por veículos midiáticos”, publicou a vítima em suas redes sociais.
A advogada acrescentou que não sente vergonha de admitir que passou mal após beber e suspeita de que alguma substância possa ter sido colocada em seu copo.
Compras indevidas e celular adulterado
Além da alteração na senha do celular, Sarah relatou que conseguiu acessar o aparelho apenas por meio do reconhecimento da digital do dedo mindinho. Dias depois, identificou compras suspeitas em seus cartões de crédito, que foram cancelados.
Ela contou que uma assistente social escutou seu pedido de socorro pelo microfone da festa e acionou a Polícia Militar, que chegou rapidamente ao local.
Em seguida, a vítima foi conduzida à Central de Flagrantes, onde registrou a ocorrência e passou pelos procedimentos periciais.
Foram solicitados exames de corpo de delito, coleta de secreções, exame toxicológico e profilaxia contra Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). Em sua rede social, ela escreveu: “A dor psicológica de uma mulher que é supostamente estuprada é muito maior que a conjunção carnal em si”.
Após a repercussão do caso, que inicialmente mencionava policiais militares como suspeitos, a Polícia Militar do Piauí divulgou nota oficial afirmando que os envolvidos são civis. A corporação repudiou veementemente a divulgação da “Fake” propagada pelo portal Oito Meia, destacando que a própria vítima desmentiu que os autores do crime fossem policiais militares.
A PMPI afirmou ainda que os órgãos de segurança competentes estão atuando para responsabilizar os verdadeiros envolvidos. A nota também ressaltou o compromisso da instituição com a defesa das mulheres e a segurança pública.
Repúdio
A Associação dos Advogados e Defensores Públicos Criminalistas do Estado do Piauí (AADPCEPI) divulgou nota expressando solidariedade à advogada e repúdio ao crime. A entidade prometeu acompanhar todas as etapas da investigação até que os responsáveis sejam identificados e punidos conforme a lei.
Os advogados Marcus Nogueira e Albelar Prado, representantes da associação, acompanharam pessoalmente a vítima na Central de Flagrantes e reforçaram o compromisso da entidade em assegurar apoio emocional, jurídico e institucional à colega.